Beleza sob alerta: Anvisa veta substâncias em esmaltes de gel por riscos à saúde
A busca pelo brilho perfeito nas unhas acaba de ganhar um novo capítulo — e desta vez, não tão reluzente. A Anvisa determinou a proibição de duas substâncias químicas amplamente utilizadas em esmaltes em gel e produtos para unhas artificiais, após a constatação de que podem causar sérios danos à saúde, incluindo risco de câncer e infertilidade.
Os compostos em questão são o TPO (óxido de difenil [2,4,6-trimetilbenzol] fosfina) e o DMPT (N,N-dimetil-p-toluidina). Ambos eram utilizados como catalisadores nas fórmulas que endurecem com luz ultravioleta ou LED, conferindo maior durabilidade e resistência aos esmaltes em gel. Entretanto, estudos apontaram que o uso prolongado e a exposição contínua a essas substâncias podem provocar alterações genéticas, disfunções hormonais e danos reprodutivos.
A decisão da Anvisa tem caráter preventivo e visa proteger tanto o consumidor quanto os profissionais que trabalham diariamente com esses produtos. Embora o risco em uma aplicação eventual seja considerado baixo, a exposição constante de manicures e esteticistas é vista como preocupante. O contato frequente com os compostos, somado à inalação e à absorção pela pele, eleva o potencial de efeitos cumulativos.
Com a medida, fica proibida a fabricação, importação, comercialização e registro de novos produtos que contenham as substâncias vetadas. As empresas terão um período determinado para retirar os itens do mercado e substituir as fórmulas por alternativas seguras. Após o prazo, os registros dos produtos que não estiverem em conformidade serão cancelados.
A decisão segue uma tendência global de maior rigor no controle de cosméticos. Em diversos países, substâncias com potencial carcinogênico e tóxico reprodutivo já foram banidas ou restringidas. O objetivo é reduzir o impacto de agentes químicos que, embora pareçam inofensivos, podem comprometer a saúde a longo prazo.
Para o setor da beleza, a mudança representa um desafio imediato. Marcas de esmaltes e produtos para unhas terão de investir em pesquisa e desenvolvimento para encontrar novos componentes capazes de garantir o mesmo efeito estético, mas com segurança comprovada. Esse processo pode impactar os custos de produção, mas também abrir espaço para inovação e para uma indústria mais sustentável e responsável.
Nos salões de beleza, o alerta é claro: profissionais devem revisar estoques, eliminar produtos com formulações antigas e adotar boas práticas de segurança, como o uso de luvas, ventilação adequada e atenção redobrada à procedência das marcas.
A decisão da Anvisa reforça uma mensagem essencial: beleza e saúde precisam caminhar juntas. Em um setor que move bilhões e influencia hábitos de consumo em todo o país, a regulamentação não é apenas burocracia — é um mecanismo de proteção coletiva.
O esmalte pode continuar sendo um símbolo de vaidade e expressão pessoal, mas agora com uma camada a mais de responsabilidade. Afinal, o brilho das unhas não deve custar a segurança de quem o aplica nem de quem o exibe.